A revolta dos fãs de 'Sex and the city' com 'Just like that'
- Ronald Villardo
- 12 de jul.
- 2 min de leitura

Quem está acompanhando a terceira temporada de "Just like that", na HBO, já percebeu que a inexorabilidade da velhice já atingiu nossas meninas. Carrie, Charlotte e Miranda carregam na pele das atrizes que as interpretam as marcas inevitáveis do tempo. E isso parece ter incomodado parte da audiência. Especialmente a que acompanhou "Sex and the city" entre 1998 e 2004, quando todos (nós e elas) estávamos em algum lugar entre os 20 e 30 anos.
Nós e elas tínhamos o tempo ao nosso lado. Éramos "wild, young and free", como diz a música que gente da nossa idade conhece bem. E nós gostávamos de nos enxergar naquela tela.
Para um jornalista em início de carreira, como este escriba, era delicioso ver que Carrie ganhava a vida escrevendo. É verdade que eu já sabia que o padrão de vida dela, em Nova York, era completamente incompatível com os honorários de um colunista freelancer.
Neste momento, éramos lembrados de que "Sex and the city" tratava-se de uma obra de ficção, com personagens estereotipados, desenhados para proporcionar entretenimento raso. Nada mais.
Parece que os fãs de longa data se esqueceram disso. Muita gente anda revoltada com a nova história. A inverossimilhança dos personagens, o vizinho escritor, o Aiden que não sabe o que quer, a Miranda insegura e a Charlotte apavorada com uma ameaça que ganha forma.
Do meu jardim, olhando tudo meio de longe nas redes, apostaria um flyer da Elevation - gente da minha idade sabe do que falo - que a revolta é por conta do efeito espelho.
Boa parte da audiência, gente de meia-idade como as personagens, está odiando se enxergar na tela. As inseguranças da maturidade, solidão, perdas, o olhar diferente do mercado de trabalho para quem é 50+, todos estes assuntos estão sendo abordados nesta temporada. E ninguém quer ver a vida real estapeando faces tão violentamente.
Repito, é mera aposta. Não fiz um "focus group" sobre "Just like that". Só sei que, de fato, não é a temporada mais excitante, mas está longe de ser ruim. Que venha a quarta.
Comentários